Como destruir ou manter seu relacionamento amoroso

Não existem fórmulas mágicas para relacionamentos conjugais. Mas John Gottman encontrou em sua pesquisa 04 (quatro) itens que, quando se sedimentam na comunicação do casal, são cruciais para o fracasso.

Ele nomeou esses elementos como “Os quatro cavaleiros do apocalipse”, pela capacidade destrutiva de promover a separação do casal ou a permanência no melhor estilo de “foram infelizes para sempre”.

E, claro, como solução, propôs antídotos para cada um deles, comportamentos para neutralizar a negatividade, visando o bem-estar na convivência e a manutenção da relação afetiva.

Que tal refletir?

As reflexões abaixo se baseiam nesses princípios, mas também agregam conceitos e práticas clínicas sobre comunicação assertiva, agressiva e passivo-agressiva, juntamente com a Comunicação Não-violenta, de Marshall Rosenberg:

  1. Crítica ou gentileza
  2. Desprezo ou apreciação e respeito
  3. Defensividade ou assunção de responsabilidade
  4. Parede pedra / barreira ou pausa para se acalmar

1. CRÍTICA:

  • você ou seu par faz críticas em excesso?
  • ou se cala quando insatisfeito, nutre a irritação e “explode” em outro momento?
  • e principalmente: o modo é criticar é generalizando um fato e fazendo julgamentos?
  • Vocês tem o hábito de criticar a pessoa como um todo em nome de um comportamento?


GENTILEZA (Antídoto da crítica):

  • ou vocês travam conversas sinceras, falando dos seus pontos de vistas sem extremismos?
  • quando querem reclamar de algo, o fazem sem atribuir culpas, de forma gentil, demonstrando suas necessidades e ouvindo o amado (a) com empatia?
  • Usam da Comunicação Não-violenta para falar do fato (sem o rancor da interpretação pessoal), de como se sentiu em relação a ele, da necessidade ferida e do pedido específico?

2. DESPREZO:

  • vocês ruminam pensamentos de raiva e de ressentimentos um contra o outro? O compromisso do casal é por um relacionamento odioso ou amoroso?
  • Quando se sentem ofendidos por críticas, punem com desprezo, ironia ou ridicularização (retaliações particulares ou públicas), diretamente ou em brincadeiras aparentemente inofensivas que “vão minando” a autoestima, diminuindo, depreciando e retirando o valor do ser “amado”?
  • Acaso vivem uma guerra direta ou velada?


APRECIAÇÃO E RESPEITO (antídotos do desprezo):

  • ou se respeitam (respeitar e exigir ser respeitado (a))?  
  • buscam gerenciar assertivamente seus problemas para não nutrirem pensamentos negativos?
  • nas suas falas sobre assuntos desagradáveis, iniciam com compreensão, falam com respeito e terminam com agradecimento?
  • exaltam qualidades e comportamentos de carinho, dados e recebidos?
  • expressam claramente apreço, gratidão e afeito entre si?
  • colecionam pequenos gestos de bondade e de gentileza (o amor em forma de ação) um pelo outro?

3. DEFENSIVIDADE:

  • DEFENSIVIDADE:
  • você entende críticas e divergências como ameaças e reage na defensiva agredindo ou então se vitimizando, invertendo a responsabilidade? Seu par afetivo age assim?
  • vocês sentem necessidade de se defender a todo instante, em constante estado de alerta, como se estivessem com a sobrevivência ameaçada?


ASSUNÇÃO DE RESPONSABILIDADE (Antídoto da defensividade):

  • ou vocês entendem que precisam agir, enfrentando sem agressividade e cada qual assumindo sua cota de responsabilidade no conflito?
  • vocês tentam não reagir tempestivamente quando se sentem agredidos?
  • Conseguem assumir quando erram?
  • Flexibilizam pontos de vista?
  • Admitem que podem pensar diferente sobre algum assunto ou situação?
  • Enxergam com empatia o sentimento e o posicionamento do par romântico?

4. PAREDE DE PEDRA / BARREIRA:

  • quando se sente desprezado, você ou seu parceiro (a) se isola, boicota a comunicação, se desvia para outras atividades, evitando interagir e administrar um conflito já existente?
  • Prefere sofrer e fazer sofrer por não encará-lo?

 
PAUSA PARA SE ACALMAR (Antídoto da Barreira):

  • Quando estão desgastados emocionalmente, negociam um tempo (razoável, não a fim de procrastinar, mas de se acalmar) para se recuperar?
  • E depois, mais leves, tratam dos assuntos com transparência, entendendo e sentindo melhor o parceiro (a), transformando uma possível discussão em oportunidade de reforçar seus laços afetivos?

Filho de peixe peixinho é

Se você tem filhos, acrescente mais ingredientes a essa receita: quais consequências o modo de se relacionar do casal tem gerado neles? Na infância e na adolescência as crenças centrais estão sendo formadas, com forte influência dos comportamentos dos cuidadores. O modelo, o contra modelo e a forma de comunicação dos adultos podem ser determinantes nos pensamentos mais recorrentes das crianças, para estabelecer se elas se acreditam validadas, fortalecidas em sua identidade, amadas, livres para expressar suas emoções ou não.


Erros e acertos de uma relação saudável

Toda pessoa tem seus desafios e cada relacionamento tem seus conflitos. Diferenças naturais de personalidade entre o casal não determinam o fracasso ou o sucesso da relação. O sucesso está em saber identificar e gerenciar os problemas do dia-a-dia. Não é o fato, mas como você lida com ele.   

Outra questão é que você e sua parceria irão errar muitas vezes até conquistar um modo de relacionamento mais saudável. Pense que há uma forma de comunicação vigente entre o casal, há tempos. Ela precisa ser repensada ou muitas vezes até desconstruída, por conter os vícios que a fadam ao fracasso.

É preciso tolerância, persistência e revisão constante, cada um enfrentando seus conteúdos com dedicação e engajamento. Caso não perceba tal disposição em seu parceiro, inicie, faça a sua parte e aos poucos vá reanalisando, buscando incluí-lo no seu processo de transformação.

Do conhecimento à atitude

Use os elementos propostos por Gottman para diagnosticar o modo do casal se comunicar. Pode ser de grande valia se tornar consciente de algo que acontece há tempos de forma tão automática.

E utilize os antídotos com muita disciplina. Não espere passivamente, mas persista na implantação de novos hábitos que irão melhorá-lo individualmente e poderão salvar seu relacionamento afetivo.

Sugestões de leitura e fontes:

Psicólogo Pascoal Zani

CRP 08/04471

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